domingo, 27 de outubro de 2013

Como o Chico Xavier me disse, numa carta inesquecível: Julinho, o poente é lindo!


S. minha amiga, recebi suas notícias referentes à noitada sem graça que lhe pareceu fracassada. Você é uma espírita atuante na Casa Espírita e ambientou-se com preces e silêncios, serviços do bem e caridade. Claro que os "puristas" - aqueles que olham  as coisas em si mesmas -  dirão para você:  não tem nada a ver... como você pôde comparecer a uma festa assim!... da próxima vez, não perca seu tempo!". Não penso assim.
Olhando para o que você me escreveu, vi no seu relato, que você só desejou experimentar o modus faciendi  já conhecido que foi forte em seu passado; mas, desta vez, você percebeu - no ato - que estava ali só de corpo, e não de alma.
Isto tem a ver com o sentido da vida que agora se desvela em sua existência e isto também "fala" algo mais, fenômeno psicológico que, singularmente, está ocorrendo com você, de modo ainda imperceptível. Trata-se da sua experiência do que chamo de "ponto zero". Eu já vivi isto e creio que esta experiência será muito útil ao seu porvir espírita.
S, na escala espiritual da existência, você estava no (- 4),e, a partir da convivência saudável com o espiritismo vivo proporcionado pela Casa Espírita que você frequenta, conseguiu olhar melhor o horizonte das suas próprias possibilidades. Você vislumbrou o que há para cima, olhou lá para lá (+4) e disse para você mesma: "quero isto para mim!". Só que o processo de crescimento espiritual é gradual e obedece a uma escala progressiva. Isto é pessoal e experiencial... e você foi escalando, devagar, ao longo dos anos, e alcançou em si mesma as marcas (-4), (-3), (-2), (-1).... até, finalmente, chegar ao "ponto zero". 
S, invariavelmente, quando a gente chega no "ponto zero", a gente olha para cima e vê que ainda tem mais quatro números que são difíceis de vencer; a gente então torna mais fácil olhar para trás. O que vemos? Quatro números negativos que foram experienciados. A constatação é cruel: a gente olha para trás e vê os estágios vívidos de experiências pelas quais passamos, repletos de ações, de empolgações, de gozos e de tristezas, decepções...
É aí, neste momento, que a gente lembra das pessoas que chamamos de amigos, aquelas dos festejos máximos e das ações estéticas que nos regiam a vida...
Ah, a gente lembra que, sob o signo do (-), não dávamos a mínima chance ao pensamento reflexivo, porque no estágio (-) ninguém quer "perder tempo" em refletir.
Na realidade, os que estão vivenciando no (-), procuram, de modo desesperado e rápido, encher o tempo e os espaços vazios da existência com coisas, com ilusões, com experiências de gozo, com alegrias efêmeras... e assim, em encontros equivocados, entramos nos jogos das emoções fortes e embriagantes do mundo que nos rodeia... e isto chega, mas não satisfaz  e, as vezes, não passa... ficam as culpas!
É isso: invariavelmente, o vazio existencial fica evidente demais. As nossas ocupações cotidianas e as alterações da consciência proporcionadas pelos vícios de beber socialmente, de fumar como todo mundo, ocupam-nos... não deixam entrar em contato com o nosso próprio espaço psíquico. Como fica a reflexão sobre "o que é que estou fazendo no mundo"... é algo que empurra à nós mesmos. Frases que falamos na frente do espelho, do tipo: "o que é que estou fazendo de minha vida" fazem as ocupações do vazio... que, na verdade, não respondem concretamente pela felicidade ou buscada  plenitude.

Com o tempo: noção de tempo e de dinheiro; de corpo e de beleza; de amizades e de lugares onde ir...  tornam-se distantes por serem alienantes... uma espécie de disfarce... verdadeiramente uma fuga psicológica da realidade espiritual do Ser Espiritual que somos.

Não quero dizer que tudo isto que experimentamos nos momentos difíceis, seja algo tão ruim assim como se possa pensar. Não. É preciso entrar em contato com a própria Sombra. Mas não precisa ficar nela o tempo todo. Também não precisa ficar perdida nas questões egoicas ( Persona). Falo aqui de temperança.

Amiga S., escrevo para você, para mim e para todos os que já estão no fastio do mal. Mas,preste atenção:: há uma impermanência nas coisas que nos servem;nós, no entanto, somos Espíritos imortais. Podemos ser arrastados às coisas, às situações de convivências com as pessoas do mundo das Sombras. Nós se correspondermos às expectativas, no fundo, viveremos tão-só a sensação efêmera da materialidade.

Fazemos estas coisas porque queremos ser aceitos e amados pelas pessoas. Achamos que assim  estamos "in" no contexto geral estabelecido pela  mídia. Que estamos sendo totalmente incluídos no âmbito social e, enganamo-nos psicologicamente sentindo-nos "completos"... . Não se iluda: queremos ser incluídos. E por isso dizemos: "tenho amigos!... eu não estou só!... eu sou isso... eu sou aquilo..."  
Este  é o nosso estranho modo existencial de viver a soledade acompanhada. E o vazio existencial reaparece mais forte ainda!

S, a sua experiência foi uma "olhada para trás". Estando no seu  "ponto zero", assemelhou-se àqueles viciados em etanol que relatam o temido momento, nos Alcoólicos Anônimos: "eu passei tantos anos sem beber e, de repente, num happy-hour, abri uma latinha de cerveja, no bar com os amigos...e pronto... voltei para o sarjeta.!".
Você, S, "foi ao happy hour", mas não sentiu o desejo de abrir a "latinha da cerveja" e, segundo sua narrativa, ainda encontrou um segurança equilibrado que disse para você uma excelente metáfora: "ei... você não é do tipo de mulheres que vêm aqui (falou das mulheres tipo -4)... este lugar não é seu". 

S, a sua vontade de permanecer na saúde foi maior do que o seu desejo de consumir-se e de ser consumida, de novo. É que ao vislumbrar o nível (-4) de ser no mundo, você também relembrou as cicatrizes ainda mal curadas adquiridas no seu passado, aquelas lembranças dolorosas dos seus adoecimentos e das suas decepções... 

S, você só pôde ver isto, assim tão clarmente, porque não está mais lá, de fato! Sem este distanciamento de si-mesma, não encararia a frase do segurança como um elogio. Cá para nós, este segurança é um filósofo... recomendo que você leve flores para ele, um dia!

Então, minha amiga S., agora você se sente no "ponto zero" e está à frente do desafio das escaladas desde (+1), passando pelo (+2), (+3) e até o (+4).

Guardadas as devidas prporções, você está vivenciando uma espécie de "Saulo de Tarso", após a experiência de iluminação crística na sua estrada de Damasco... Saulo estava sem a noiva, sem os amigos, sem o poder e sem a glória exaustiva do trabalho (Sinédrio)...
Agora S, você já sabe que precisa olhar para frente. Compreender que há um novo processo diferente da "mecânica febricitante" do seu passado. Você vai precisar  enfrentar o seu porvir existencial e espiritual com outra metodologia, outro modo de ser: "ser-no-mundo, sem ser do mundo". Casar-se, trabalhar de modo equilibrado na Instituição Espírita séria que a albergou acreditando em sua recuperação moral. Daí em diante, não mais tentar buscar nos prazeres efêmeros ou nas ilusões da materialidade "eternizar" as coisas como se elas fossem um fim em si mesmas. Você verá que os sentidos, aqueles que "enchiam" o seu vazio existencial eram verdadeiras mentiras do ego, na sua busca desesperada de  salvaguarda de sua auto-imagem, tão espelhada nos reflexos das fantasias. mundanas 

Agora, amiga S., a sua existência terrestre ganhou um novo significado. Este ofereceu campo às luzes proporcionadas pelo conhecimento Espírita.  Não há mais como 'ocupar' o tempo vazio com coisas e prazeres do mundo, mas saber entrar em contato com estes vazios existenciais, mas de outra maneira, buscando agregar novos valores ao Espírito.
Você sabe que, durante o longo tempo de trocas verbais, nunca demonizei ou condenei as alegrias do mundo. O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap XVII, item 10) informa-nos que não precisamos adquirir aspecto lúgubre para sermos homens e mulheres do bem. 

Fiquei feliz com sua missiva. Seja bem-vinda, amiga S., ao rol dos que estão, na existência atual, escalando o (+1),(+2) (+3) e o (+4)... Quando eu era adolescente, dirigente de uma reunião da Juventude Espírita, Chico Xavier me escreveu uma cartinha inesquecível falando-me disso. Ele disse: "você é este menino bom que está subindo a montanha da vida com sacrifícios e esforço próprio; eu - que estou descendo pelo outro lado -, posso dizer a você: o poente é lindo!"

Amiga S., continue sua escalada e não olhe para trás... para não virar "estátua de sal", como ocorreu com a esposa de Ló".

Eu posso também dizer para você: ame, case-se, entregue-se à alegria de viver, pois o poente é lindo!

Vale a pena!
Um abraço  
Julio Cesar de Sá Roriz
PS recomendo ler o livro psicografado por Divaldo  Franco, editado pela FEB, cujo nome é "Impermanência e Imortalidade". É um tratado filosófico e existencial à luz do Espiritismo, não só para mim que sou Espírita atuante no Movimento Espírita, Coordenador geral do Centro Espírita Tarefeiros do Bem,  Mestre em Psicologia Clinica pela UFF/RJ e Psicólogo Clínico: é leitura INDISPENSÁVEL aos que querem compreender a angústia existente nas pessoas da contemporaneidade. O autor espiritual é o querido orientador das minhas primeiras experiências mediúnicas, quando encarnado, orientando a minha juventude doutrinária na Casa Espírita: Espírito Carlos Torres Pastorino. 

domingo, 15 de setembro de 2013

VOCÊ VAI PARA O UMBRAL?



Julio Cesar de Sá Roriz

Utilizando-nos do livro Cartas de uma Morta, psicografia de Chico Xavier e de autoria espiritual de Maria João de Deus, vejamos o que ela nos diz sobre as suas experiências e pesquisas nas regiões da Erraticidade do planeta Terra:

OBSERVAÇÕES DE UMA ALMA
Logo que me habituei à nova vida na Erraticidade, um dos espetáculos mais empolgantes era o de contemplar a Terra à certa distância.
Podem os espíritos locomoverem-se como o faziam na Terra, lenta e pesadamente, mas não há necessidade de que assim se proceda.
Graças às nossas faculdades volitivas, vencemos as maiores distâncias com rapidez inimaginável, podendo estacionar em qualquer ponto até a zona que nos é possível atingir em nossas condições de relativo desenvolvimento espiritual.
AS ALMAS SOFREDORAS
Nas paragens da Erraticidade nem todos os lugares são estâncias de repouso, de aprendizagem ou bem-estar. Há regiões obscuras, atopetadas de amargores, formadas pelas consciências polutas que as povoam.
Confrangente é a situação das almas sofredoras, que a esses ambientes se destinam, porque viverão com o fruto amargo das sementes que espalharam nos dias de sua vida temporária.
O CÍRCULO DOS PADECIMENTOS
Tive ensejo de visitar alguns desses núcleos de prantos incontáveis e amaríssimos; e neles encontrei alguns de meus antigos conhecidos na Terra.
Quão dolorosos são os dias que ali pesadamente transcorrem!
É, ainda, às impressões arraigadas do corpo físico que se devem esses agrupamentos, onde pululam padeceres de toda espécie, mas que existem sob as determinações de uma lei natural, reguladora dos problemas das compensações.
O PENSAMENTO É TUDO
Um espírito pode beneficiar-se com o que lhe provém do exterior, mas o seu verdadeiro mundo é aquele criado por seus pensamentos, atos e aspirações.
O pensamento é tudo.
Todas as construções terrenas, todos os portentos, que aí atestam o progresso, são obras do ideal. Nações, cidades, leis, são as exteriorizações dos pensamentos. Também eles são a fonte causal das manifestações do espírito em outros planos, onde todas as formas, muitíssimo diferenciadas embora, atestam o ascendente da alma, sua inteligência e seu poder.
A EXPIAÇÃO DO EGOÍSMO, DA AVAREZA
E DA LUXÚRIA
Nos planos da Erraticidade existem, pois, lugares especificados, onde se aliam os seres cujas mentes se afinam pelo mesmo diapasão. Vivem ali os que se apegaram em excesso às futilidades terrestres, sentindo-lhes desconsoladamente a ausência; os que colocaram acima de tudo as preocupações do egoísmo e da avareza; criando com suas idéias fixas todo um mundo de moedas e de valores fictícios, obsedados pela visão do ouro.
No mundo, aqueles que demasiadamente se entregaram aos gozos carnais, somente encontrando nisso o único objetivo da existência, vivem com os reflexos das suas desvairadas paixões, e todos os quadros formados pelas vibrações dessas mentes inferiores e enfraquecidas caracterizam-se por suas densas trevas.
GRITOS, BLASFÊMIAS, LÁGRIMAS
Suas exclamações pungiam minh’alma, enchendo-a de sofrimentos aspérrimos.
- “Oh! Deus de misericórdia infinita, por que humilhais com tanta dureza o meu espírito culpado? Que me valeram os títulos da Terra, suas honrarias e distinções? Não já reconheci toda a enormidade dos meus desvios, Senhor?
Exprobações como estas eram misturadas com gritos e blasfêmias, ao lado de soluços e de muitas lágrimas.
A REGENERAÇÃO E O TRIUNFO
SÃO POSSÍVEIS PELO AMOR
Inquiri, então, ao meu esclarecido mentor sobre a causa desses sofrimentos.
- “Estas regiões – disse-me ele – “são as que mais se avizinham da Terra e justamente sob o que determina o sagrado estatuto da compensação, porque essas atmosferas pestilentas refletem os sentimentos que lá predominam.
A inveja, a avareza, a ambição, o sensualismo, campeiam livremente.
Todos os seres, que aqui se amontoam, desvairadamente podem descer até os lugares onde anteriormente viveram apegados a tudo quanto constitui o substrato dos seus prazeres.
Não souberam vibrar com os ideais da alma e não quiseram abandonar as ilusões de seus dias terrenos.
Vivem com a sua própria angústia, acalentando desejos inqualificáveis.
Quanto ao possível perdão de Deus, não se justifica; assim como os insultos e blasfemos dos homens não o atingem, o Poder criador não se poderia pessoalizar para conceder beneplácitos.
A lei de Deus é sempre o Amor. Amor é a luz que envolve o universo, é o éter vivificador, é a afeição dos espíritos dedicados, é a alegria dos bons,é a luta que aperfeiçoa.
A alma culpada pode, pela súplica, pelos desejos reiterados, reorganizar o seu mundo interior, equilibrá-lo para a obtenção de maior força aos novos propósitos de regeneração e aperfeiçoamento, captando assim, nesse Amor Universal, os elementos do seu triunfo na luta; mas a prece não afasta do caminho aquilo que ela própria buscou com seus pensamentos e atos”.
O DESERTO DA EXPIAÇÃO REDENTORA
A convite do meu solícito mentor, procurei colocar-me em relação direta com aquelas mentalidades que se debatiam nos sofrimentos.
Ah! Vi, então, o deserto em que se experimentam os que viveram, na Terra, para o seu gozo apenas... Os lagos de sangue em que se asfixiavam os antigos dominadores, responsáveis pela eclosão da mais horrorosas lutas fratricidas. As lágrimas pungentes derramadas pelos traidores sensíveis. Ouvi o gemido de todos quantos haviam prevaricado, fugindo criminosamente ao cumprimento de seus deveres.
Senti que o pranto minava dos meus olhos e um mal-estar inexplicável atacou-me; todavia o meu companheiro espiritual arrancou-me dessa penosa impressão, convidando-me para uma rogativa, que elevamos sentidamente a todas as forças benéficas do Universo para que assistissem aquelas almas flageladas nos padecimentos a que tinham feito jus, derramando sobre elas os eflúvios da paz e da resignação, nas suas provas redentoras.
A SEMENTE DA PAZ E DA ESPERANÇA
Nesse instante em que pedíamos com fervor, vi que um foco de luz atravessava a pesada atmosfera, banhando aquelas frontes imersas no martírio. Nenhuma delas percebeu aquele clarão; somente em alguns notei a eflorescência de uma estranha ansiedade, que representava ligeiro alívio ao mesmo tempo...Escutei, em seguida, o meu guia dizer:
- “Vamos, filha! A nossa prece foi ouvida. Se os sofredores não
conseguiram receber seus benefícios imediatamente, pelo estado de dor e de endurecimento em que se encontram, basta, para a nossa alegria, que algumas dessas almas vagamente tenham sentido o sagrado influxo dos nossos apelos; porque hoje, nesses corações que experimentaram o anseio da felicidade e da perfeição, plantamos com as nossas rogativas sinceras os lírios perfumados da paz e da esperança”.

Informações referentes aos Espíritos errantes em O Livro dos Espíritos  de Allan kardec:
60. O Espírito se encontra imediatamente com os que conheceu na Terra e que morreram antes dele?
“Sim, conforme à afeição que lhes votava e a que eles lhe consagravam. Muitas vezes aqueles seus conhecidos o vêm receber à entrada do mundo dos Espíritos e o ajudam a desligar-se das faixas da matéria. Encontra-se também com muitos dos que conheceu e perdeu de vista durante a sua vida terrena. Vê os que estão na erraticidade, como vê os encarnados e os vai visitar.”
224. Que é a alma no intervalo das encarnações?
“Espírito errante, que aspira a novo destino, que espera.”
a) - Quanto podem durar esses intervalos?
“Desde algumas horas até alguns milhares de séculos. Propriamente falando, não há extremo limite estabelecido para o estado de erraticidade, que pode prolongar-se existência apropriada a purificá-lo das máculas de suas existências precedentes.”
b) - Essa duração depende da vontade do Espírito, ou lhe pode ser imposta como expiação?
“É uma conseqüência do livre-arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem. Mas, também, para alguns, constitui uma punição que Deus lhes inflige. Outros pedem que ela se prolongue, a fim de continuarem estudos que só na condição de Espírito livre podem efetuar-se com proveito.”
225. A erraticidade é, por si só, um sinal de inferioridade dos Espíritos?
“Não, porquanto há Espíritos errantes de todos os graus. A encarnação é um estado transitório, já o dissemos. O Espírito se acha no seu estado normal, quando  liberto da matéria.”
226. Poder-se-á dizer que são errantes todos os Espíritos que não estão encarnados?
“Sim, com relação aos que tenham de reencarnar. Não são errantes, porém, os Espíritos puros, os que chegaram à perfeição. Esses se encontram no seu estado definitivo.”
No tocante às qualidades íntimas, os Espíritos são de diferentes ordens, ou graus, pelos quais vão passando sucessivamente, à medida que se purificam. Com relação ao estado em que se acham, podem ser: encarnados, isto é, ligados a um corpo; errantes, isto é, sem corpo material e aguardando nova encarnação para se melhorarem; Espíritos puros, isto é, perfeitos, não precisando mais de encarnação.
227. De que modo se instruem os Espíritos errantes? Certo não o fazem do mesmo modo que nós outros?
“Estudam e procuram meios de elevar-se. Vêem, observam o que ocorre nos lugares aonde vão; ouvem os discursos dos homens doutos e os conselhos dos Espíritos mais elevados e tudo isso lhes incute idéias que antes não tinham.”
228. Conservam os Espíritos algumas de suas paixões humanas?
“Com o invólucro material os Espíritos elevados deixam as paixões más e só guardam a do bem. Quanto aos Espíritos inferiores, esses as conservam, pois do contrário pertenceriam à primeira ordem.”
229. Por que, deixando a Terra, não deixam aí os Espíritos todas as más
paixões, uma vez que lhes reconhecem os inconvenientes?
“Vês nesse mundo pessoas excessivamente invejosas. Imaginas que, mal o deixam, perdem esse defeito? Acompanha os que da Terra partem, sobretudo os que alimentaram paixões bem acentuadas, uma espécie de atmosfera que os envolve, conservando-lhes o que têm de mau, por não se achar o Espírito inteiramente desprendido da matéria. Só por momentos ele entrevê a verdade, que assim lhe aparece como que para mostrar-lhe o bom caminho.”
230. Na erraticidade, o Espírito progride?
“Pode melhorar-se muito, tais sejam a vontade e o desejo que tenha de consegui-lo. Todavia, na existência corporal é que põe em prática as idéias que adquiriu.”
231. São felizes ou desgraçados os Espíritos errantes?
“Mais ou menos, conforme seus méritos. Sofrem por efeito das paixões cuja essência conservaram, ou são felizes, de conformidade com o grau de desmaterialização a que hajam chegado. Na erraticidade, o Espírito percebe o que lhe falta para ser mais feliz e, desde então, procura os meios de alcançá-lo. Nem sempre, porém, é permitido reencarnar como fora de seu agrado, representando isso, para ele, uma punição.”
232. Podem os Espíritos errantes ir a todos os mundos?
“Conforme. Pelo simples fato de haver deixado o corpo, o Espírito não se acha completamente desprendido da matéria e continua a pertencer ao mundo onde acabou de viver, ou a outro do mesmo grau, a menos que, durante a vida, se tenha elevado, o que, aliás, constitui o objetivo para que devem tender seus esforços, pois, do contrário, nunca se aperfeiçoaria. Pode, no entanto, ir a alguns mundos superiores, mas na qualidade de estrangeiro. A bem dizer, consegue apenas entrevê-los, donde lhe nasce o desejo de melhorar-se, para ser digno da felicidade de que gozam os que os habitam, para ser digno também de habitá-los mais tarde.”
233. Os Espíritos já purificados descem aos mundos inferiores?
“Fazem-no freqüentemente, com o fim de auxiliar-lhes o progresso. A não ser assim, esses mundos estariam entregues a si mesmos, sem guias para dirigi-los.”


Lísias explica a Andre Luiz o que é o Umbral ( Livro Nosso Lar, FEB)
Cap 12
- O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior. E note você que a Providência Divina agiu sabiamente, permitindo se criasse tal departamento em torno do planeta. Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias. Não é de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbações. Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie. Formam, igualmente, núcleos invisíveis de notável poder, pela concentração das tendências e desejos gerais. Muita gente da Terra não recorda que se desespera quando o carteiro não vem, quando o comboio não aparece? Pois o Umbral está repleto de desesperados. Por não encontrarem o Senhor à disposição dos seus caprichos, após a morte do corpo físico, e, sentindo que a coroa da vida eterna é a glória intransferível dos que trabalham com o Pai, essas criaturas se revelam e demoram em mesquinhas edificações. "Nosso Lar"  tem uma sociedade espiritual, mas esses núcleos possuem infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. É zona de verdugos e vítimas, de exploradores e explorados.
Valendo-me da pausa, que se fizera espontânea, exclamei,
impressionado:
- Como explicar? Então, não há por lá defesa, organização?
Sorriu o interlocutor, esclarecendo:
- Organização é atributo dos espíritos organizados. Que quer você? A zona inferior a que nos referimos é qual a casa onde não há pão: todos gritam e ninguém tem razão. O viajante distraído perde o comboio, o agricultor que não semeou não pode colher. Uma certeza, porém, posso dar-lhe: não obstante as sombras e angústias do Umbral, nunca faltou lá a proteção divina. Cada espírito lá permanece o tempo que se faça necessário.
Para isso, meu amigo, permitiu o Senhor se erigissem muitas colônias como esta, consagradas ao trabalho e ao socorro espiritual.
- Creio, então - observei -, que essa esfera se mistura quase com a esfera dos homens.
- Sim - confirmou o dedicado amigo -, e é nessa zona que se estendem os fios invisíveis que ligam as mentes humanas entre si O plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamento dos encarnados, porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre presentemente não pode compreender. Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um ímã poderoso. Há uma extensa humanidade invisível, que se segue à humanidade visível. As missões mais laboriosas do Ministério do Auxílio são constituídas por abnegados servidores, no Umbral, porque se a tarefa dos bombeiros nas grandes cidades terrenas é difícil, pelas labaredas e ondas de fumo que os defrontam, os missionários do Umbral encontram fluidos pesadíssimos emitidos, sem cessar, por milhares de mentes desequilibradas, na prática do mal, ou terrivelmente flageladas nos sofrimentos retificadores. É necessário muita coragem e muita renúncia para ajudar a quem nada compreende do auxílio que se lhe oferece. 

E ENTÃO: DEPOIS DESTAS EXPLICAÇÕES DOUTRINÁRIAS, RESPONDA: 
VOCÊ VAI MESMO PARA O UMBRAL?


terça-feira, 16 de julho de 2013

Divaldo conclama: despertemos!


Divaldo conclama:  Despertemos!
Julio Cesar de Sá Roriz

            Recentemente ocorreram manifestações populares nas ruas das principais capitais do país, em protesto quanto aos atos político-administrativos do Governo, principalmente em função dos excessivos gastos com estádios de futebol, em contraste com a precariedade nos hospitais, escolas e segurança, itens básicos, necessários às vidas de milhões de brasileiros.
Nós, espíritas, apoiamos tais manifestações, ordeiras e pacíficas, e não aceitamos as violências que são realizadas por aproveitadores mesquinhos, verdadeiros vândalos disfarçados de encontristas que intentam depredar o patrimônio público, em repugnante demonstração de estado de selvageria, incompatível com os avanços do século XXI.  
O tema das manifestações públicas é antigo e, ao mesmo tempo, muito atual. Os espíritas Freitas Nobre, Bezerra de Menezes, Deolindo Amorim, entre outros, souberam discutir as questões públicas, seja nos cargos públicos ou na imprensa. Deolindo afirmava: “divergir, sem dissentir!”. Os dois primeiros espíritas foram eleitos pela população e honraram seus mandatos com dignidade. O terceiro, foi homem de imprensa, orador espírita, sempre atuante na articulação de seu lúcido verbo para o povo. Freitas Nobre, marido de Marlene Nobre, muito lutou para erradicação, por exemplo, da fabricação ou importação dos brinquedos de guerra para crianças em todo o território nacional, mas ele não esteve sozinho na Câmara dos Deputados. Apoiado e inspirado pelo Espírito Bezerra de Menezes que, nos momentos mais graves, o orientava sempre através da pena mediúnica de Chico Xavier, principalmente nas situações dramáticas de enfrentamento da ditadura militar, como eficaz líder de oposição do antigo MDB, defendendo o país que atravessava o terrível  período de chumbo da ditadura politico-militar. Freitas, foi o político espírita, trabalhador de Casa Espírita, que soube tomar todos os cuidados para não se deixar envolver com as correntes vigorosíssimas da politicagem de então que podiam tragar políticos bem intencionados à desvios terríveis.
Mais recentemente, Divaldo Franco manifestou-se, como sempre, com sua virilidade inspirada e sua correta posição espírita, sobre assuntos referentes à política, de cujo desenvolvimento coletivo, fez e sempre fará parte da existência e do crescimento dos povos, em todos os tempos.
No dia 27 de junho de 1987, aconteceu um encontro doutrinário com as presenças de Divaldo Franco e José Raul Teixeira, na sede da Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro,em Niterói. Em meio às perguntas de ordem político-sociais vigentes, respondidas por um e pelo outro, notamos a atualidade das respostas de ambos, cujos conteúdos muito nos valem hoje. Tudo o que Divaldo disse naqueles momentos de grandes turbulências políticas, servem hoje, não só para os brasileiros, mas para todos os homens conscientes do planeta. 
As explosões populares que vemos acontecer nas ruas das capitais brasileiras, são produtos da insatisfação geral com os seus representantes políticos. Vendo meu filho de 17 anos, participante de Mocidade Espírita e partindo para a rua em protesto pacífico, deixou-me muito feliz. Lembrei quando Deolindo Amorim me convidou para falar sobre o espiritismo num grande encontro que ocorreu na Quinta da Boa Vista,no período da ditadura militar no Brasil.  Quando os EUA invadiram Trípoli, dando ensejo às especulações de que o Bush-pai estava desejando começar uma nova guerra mundial, os religiosos ligados à ONU promoveram encontros de paz nos continentes. No Rio, eram 4 mil pessoas desejando a paz do mundo. Eu estava lá à convite do meu amigo Deolindo Amorim, falando àquele povo, sobre a ótica positiva e consciente do espiritismo em momentos de crise mundial.
Divaldo afirmou naquela entrevista: “O espírita é um cidadão dinâmico e não um alienado. E, como cidadão, cooperará nas atividades que engrandeçam o mundo. Na política, deve atuar ativamente. É inútil e pernicioso nos queixarmos, se somos omissos”.
Ressaltando um aspecto relevante na conduta do espírita que milite no meio político, adverte: “não devemos, contudo, introduzir a politicagem do mundo na Casa Espírita”.
Assim, o mais corajoso conferencista espírita dos últimos tempos  respondeu, com serenidade, uma série de perguntas inerentes à política, como desde há muito não se via em nosso meio.
Sem descambar para o partidarismo, assim disse  aos espíritas de então: “o espírita deve participar de sindicatos, que (embora) passaram a ter (a) pecha de (alimentar) focos de rebeldia.
Sempre visando o equilíbrio, Divaldo discorreu seu verbo bem influenciado espiritualmente, evocando a lembrança das atuações políticas de Gandhi. “(Ele) dobrou o império britânico e liberou a Índia”. Ressaltou ainda o método pacífico e eficaz da resistência passiva. No fundo, Divaldo questionou, de modo inteligente, o covarde moral que em nada ajuda e ainda reclama de tudo.
Divaldo aconselhou ao espírita participação do movimento sadio, seja estudante, pai de família, industrial, pessoa comum: os que têm responsabilidade social.
“Através dos conhecimentos adquiridos na lida com a Doutrina Espírita – continuou Divaldo – o espírita comandará muito melhor os seus impulsos e saberá dirigir suas forças para bem prosperar na Terra”.
Citando a questão 919 de O Livro dos Espíritos, ele renovou o convite para o fortalecimento do cristianismo redivivo, a necessidade do Reino de Deus estabelecer-se na Terra, sempre no âmbito da paz.
Divaldo falou também em se evitar qualquer dicotomia entre o que se faz no Centro Espírita e na rua. E exemplificou:
No eventual piquete, utilizar-se de resistência passiva.
Se agredido ou mesmo apanhando, não agredir, não bater.
Relembrando os Direito Humanos, ele assinala a necessidade destes serem respeitados e consolidados.E, foi assim que, convicto, o tribuno baiano  expressou-se convidando-nos à ação somente através da não-violência, como verdadeiro primado da paz na Terra.
Ainda em resposta às perguntas, Divaldo estabeleceu uma análise crítica sobre o Brasil-Político daquela época difícil, em que estávamos todos envolvidos por insatisfações amordaçadas.
Como já disse, o que torna-se  impressionante na fala do Divaldo é a atualidade de suas informações. Praticamente, ele diz para não nos iludirmos, pois, segundo ele, tudo o que se vê, em termos de situação política, deve-se à nossa inoperância, negligência e omissão, enquanto cidadãos. Ele lembra que, no difícil período de exceção política, havia uma desculpa, pois acontecia uma imposição autoritária. Divaldo assinala que somos nós que elegemos os que estão aí e, por isso, também somos responsáveis. Alienação não resolve! E, neste tom de fala firme, ele nos remeteu o pensamento ao que Kardec assinalou: “não existe o mal... o mal é a ausência do bem” (ver Gênese de Allan kardec, capítulo III).
Vejam só este trecho da resposta de Divaldo: “...assumamos a  (nossa) culpa. Não fiquemos acusando o governo, seja esse ou aquele. Acusemo-nos. Eles não se elegeram por si próprios”.
Foi assim que o corajoso tribuno espírita, com sua sinceridade e virilidade ímpares, disse, claramente, que nós estamos pagando pela leviandade de escolhermos indivíduos para atender aos nossos caprichos e interesses, e não os do País.
Lembrou-nos ainda que os políticos eleitos também erram e que são caprichosos, mas, nem por isso, podemos dizer que são maus. Eles lutam por seus interesses e menos pelos interesses de um povo exaurido e cansado como o nosso.
Interessante notar a proximidade das eleições. Ele nos lembra que isso deve  servir de lição para não elegermos demagogos tradicionais, enriquecidos com o suor e o sacrifício do povo. Divaldo solicita diretamente aos espíritas que votem em homens nobres e dignos! Assinale-se, de passagem, que há em sua solicitação um sábio conselho aos que possuem vocação para exercer cargos eletivos: candidatem-se, se assim desejam fazer, mas para a defesa de ideais de dignificação humana!
Assinalando, à época, a grande presença de representantes protestantes na Câmara e no Senado, Divaldo nos perguntou:  se eles lutam contra o aborto, a pena de morte, o excesso de divórcios e defendem seus conceitos à luz da Bíblia... por que não temos uma voz sequer nas altas câmaras para lutar pelos ideais de enobrecimento e amor à vida, contra a pena de morte, o aborto, a eutanásia e tantos valores rebaixados pela “ética” enlouquecida.
Vibrantemente, Divaldo encerra sua longa resposta, conclamando-nos a todos: despertemos!...  "mas, não vamos tornar o espiritismo um partido político... a Casa Espírita em comitê eleitoral”...  "é lícito participar, mas, assumamos, igualmente, na vida pública, a conduta espírita para dignificarmos a política, (ou seja,) a ciência e a arte de bem governar, como dizia Platão”.

Fonte bibliográfica: "Elucidações Espíritas"
Autor: Divaldo Pereira Franco
Editora: SEJA, 2ª Edição, 1993,
Rio de Janeiro, RJ

terça-feira, 25 de junho de 2013

Vandalismo, não!!!

Amigos Tarefeiros do Bem do Espiritismo.

Peço encaminhar ao pensamento  de seus amigos espíritas a reflexão que estamos aqui fazendo, ante os vandalismos que têm ocorrido em meio às manifestações válidas de um povo sofrido que, em todo o Brasil, tem vindo às ruas expressar o seu descontentamento com a política vigente, onde se gasta o dinheiro público em coisas que não são as mais necessárias.
Tendo em vista as notícias que nos dão conta dos atos de vandalismo que estão se infiltrando nas manifestações pacíficas de jovens e homens de bem, solicitamos a todos os amigos espíritas que tenham todo o cuidado com sua movimentação e a de sua família pelas ruas das capitais do Brasil, notadamente no Rio de Janeiro, RJ, nestes dias agitados. 
O jovens manifestantes que estão nas ruas protestando, agem com indignação e todos nós apoiamos a manifestação serena, educada. Eles nada mais desejam do que expressar aos atuais  governantes do Brasil o grau de seu repúdio pelo pouco caso que as políticas públicas vêm dando às dificuldades do povo, do qual nós fazemos parte. Os jovens não se acovardam e, saíram às ruas, atônitos, movimentados pelas redes sociais, pois cansaram de assistir o desperdício de dinheiro dos contribuintes em eventos e obras que absolutamente são necessárias ao nosso país. A democracia pediu intervenção à favor do povo, começando pelo aumento das passagens dos transportes coletivos, pois só assim as pessoas acordaram para reagir ao sono hibernante que envolvia este bravo povo brasileiro.
Atenção! Outra coisa é ir para a rua e promover arruaças e quebra-quebra. Ninguém é ingênuo para imaginar que há algum partido político manipulando esses delitos: eles não são bobos! Os agressores gratuitos são pessoas psicopatológicas que se envolvem em meio ao ensejo social, onde abrem-se campos propício ao roubo e à destruição, e despejam o fel de suas  personalidades doentias no âmbito do espírito coletivo,  dando vazão aos seus desequilíbrios psíquicos em atos de vandalismo injustificável e desproposital. Ainda esta semana, um amigo de 18 anos informou-nos que surgiu na sala de aula da faculdade de direito de uma faculdade do Rio, um  aluno  veterano, marcando reunião de jovens estudantes iniciantes, promovendo em sua fala, claramente, uma postura violenta de pilhagem e quebra-quebra, no esquema nada gratuito da Treva que incendeia tudo com reação igual da polícia. Ele incentivava a todos que tudo fosse quebrado, em nome de uma "revolução" conforme o extinto maxismo leninista como postulava a ultrapassada união soviética de jogar tudo no chão tudo, tudo o que há em pé para reconstruir algo novo, com base no "socialismo". 
Peço aos amigos espíritas que tenham cuidado. Participem de tudo o que for legítimo, Ajudem em tudo o que for de benefício para o povo, mas sempre de maneira sensata e equilibrada, honesta e legal.  
Bala perdida, mortes prematuras, pisoteamentos e massacres de multidões em incêndios de ônibus, lojas e bancos abrem espaços propícios para expiações coletivas de proporções alarmantes.
Muita paz e participação ordeira.
Um abraço.
Julio Cesar de Sá Roriz

domingo, 16 de junho de 2013

Sexta-feira é dia de happyhour


Gente, acabei de atender um jovem de 18 anos, dependente de álcool.
E ele me disse:
-“Qual é?! Sexta feira é dia de happyhour!”

Interessante notar que as pessoas repetem isso como uma verdade absoluta!
Claro! Semana de muito trabalho e como ninguém é de ferro, relaxar não faz mal a ninguém não é mesmo?!
Então, os amigos se encontram para distrair a cabeça e vão tomar aquele chopinho gelado, espantando o calor. Beleza!
Há algum problema nisso?
De modo algum!
A pessoa vai porque quer ir e faz muito bem encontrar-se com os amigos para bater aquele papinho... por que não?!
A questão não está no ato de ir ao happyhour por escolha pessoal. Mas, se não há como deixar de ir... ah, aí tem!!!

Na psicologia clínica, há um capítulo denominado  identificação.
Através do olhar do Existencialismo podemos fazer escolhas.
Nos quadros da identificação (modo restritivo de ser no mundo, onde a pessoa acha que realmente é aquilo que pensa ou dizem que ele é), aparentemente são tolhidas as possibilidades de serem feitas opções (livres): o sim e o não.

Então, vai-se para o happyhour... mas será que é porque pôde ser dito o sim? Pôde dizer o não? Se se está livre para optar, beleza! Cada um responde por sua própria escolhas, por aquilo que faz e pelo que deixa de fazer.
A questão crucial está na certeza de que não há mais a possibilidade de dizer não... ou de dizer sim.

Somos entes  cujo Ser é livre para fazer escolhas, mesmo que demandados pelo meio. Dizemos, equivocadamente: “fomos  arrastados pelo senso-comum!” Na verdade, mesmo com a indução social, não há arrastamento que seja irresistivel. Somos nós que dizemos: “sim! E somos nós que optamos ir ao happyhour!

Se a pessoa considera que “todo mundo bebe sexta-feira de noite” e por isso adere ao modismo, está no modo da restrição. Está no reboque do “ todo mundo”.
Mas, está no reboque de quê? Quem dirige sua vida? Para onde?

Claro que há uma mídia eletrônica, impulsionadora da propaganda e também há os amigos que convidam...
Cá para nós: se eles convidam porque são usuários semanais do happyhour, por que alguém se sentiria obrigado a aceitar ao convite!
As respostas são diversas:
- Ah, porque é gostoso! Não veja nada demais em beber com os amigos!
- É melhor do que ficar deprimido... para quê ficar em casa? Preciso espairecer minha cabeça!
-Todos os meus amigos vão para o happyhour na sexta e nos sábabdos à noite! Não fico de fora de modo algum!

As pessoas repetem jargões, respondem qualquer coisa e parecem não pensar na frequência de ingestão do Etanol: 1 noite por semana ( sexta-feira noite), 1 noite por fim de semana (sábado á noite ou no almoço do domingo): 8 vezes por mes;  96 vezes por ano; 960 vezes em 10 anos.
Isto significa muito Etanol no organismo vivo. Interessante ressaltar a prevalência do ganho do prazer em função daquilo que pode destruir o corpo. Parece encobrir a capacidade do Ser humano para o uso da reflexão: do quanto está agindo segundo os ditames da poderosa mídia promotora da cerveja, da vodka, da caipirinha...

Eu disse acima: acabei de atender clinicamente a um  adolescente de 18 anos. Ele me disse: “-sem álcool na cuca não dá para chegar numa menina!”

Aí, você que me lê poderá dizer: “-Ah, mais todos os jovens fazem isto... isto é comum!!!”

Convido o leitor - que eventualmente pensa assim - a tentar tratar alguém que está no fim da linha do alcoolismo. Pergunte a ele: “-Amigo: como foi que isto começou?”. Ele responderá, entristecido: “-Eu era adolescente...”.

Escutei do meu paciente: 
-Eu vou toda sexta à noite para o happyhours com meus amigos... beber!!! conversar!!!! Etc. Perguntei-lhe:
-Dá para fazer outra coisa? E ele repondeu com um sorriso meio debochado:
-De modo algum... isto é sagrado! Todo mundo bebe...

Amigo que me lê, eu pergunto: você é todo mundo?!
A mídia quer que as pessoas acreditem nisso e os incautos (aqueles que já estão encharcados de etanol) querem se justificar dizendo: -“Isto é normal!” 

Escrevo para vocês informando que há alternativas à bebida alcóolica do happyhours das sextas noite. 
Como já disse, o modo da restrição exclui escolhas outras que estão veladas no horizonte das possibilidades.

Há uma tendência contemporânea de levar os incautos em um arrastão falacioso que cria modo de restrição das escolhas e isto, somado ao distraimento daquilo que é essencial à Vida faz crescer o número (já alarmante) de bebedores compulsivos na face da Terra). Convenhamos: saúde e álcool não combinam...

Biologicamente, o teor alcoólico mensal, dosado em longos e contínuos happyhours semanais constituem, no corpo, uma enganação fatal. Sim, os receptores de endorfina das células são enganados! 
Isto mesmo que você leu! 
Enganamos os nossos receptores de endorfina de nossas próprias células (as células possuem inúmeros receptores, entre eles o mais famoso é o da proteína) do nosso próprio corpo, sempre que ingerimos o etanol, cujo % etílico pode agravar o estado de engano biológico aqui citado. 
O Etanol ingerido é levado pelos neurotransmissores para os lugares dos receptores de endorfina de nossas células. A pessoa fica, momentaneamente, repleta de endorfina, completamente solta na corrente sanguínea, e as portas desses receptores serão vedadas à própria endorfina, uma vez que já estão ocupadas pelo Etanol.
É claro que a pessoa que bebeu o Etanol, com tanta endorfina solta na corrente sanguínea, fica provisoriamente numa euforia característica dos beberrões. 
Mas, e depois? Depois de um tempo, o etanol se esvai (porque ele não é endorfina), os respectivos receptores ficam esvaziados e o excesso de endorfina que permaneceu sem uso, flutuando na corrente sanguínea, acaba sendo eliminado pela bexiga (como o pessoal do chopp faz xixi, não é mesmo!). Mais tarde, o beberrão vai querer ingerir mais Etanol para voltar à euforia perdida e assim por diante... Então, vem aquele "bode", aquela "ressaca" que nada mais é do que ausência de endorfina nos receptores da célula. O coitado do fígado (laboratório vivo de química orgânica) teve que permanecer ocupada em metabolizar o etanol, cuja fórmula química é muito semelhante a do formol. Um dia, por curiosidade, coloquem, bem próximos, os desenhos das fórmulas químicas do formol e do etanol e façam o " jogo dos sete erros". Vocês vão ter dificuldade para encontrar diferenças... 

Então a gente vê nos atendimentos psicológicos o que é o fim da linha: o bebedor compulsivo com cirrose hepática, com hemorragia de estômago, mostrando um baixo ventre dilatado e um córtex cerebral encharcado, no delírius tremens...
É assim que eles chegam, solicitando ajuda. Há também  os que chegam nos Centros Espíritas padecendo obsessões, visões terríveis, terror noturno, pânico etc. Não podemos deixar de acrescentar a isto a questão espiritual (obsessões subjugativas) que se interpõe a este estado de coisas.

É bonita a propaganda da bebida, não?! É muito colorida a visão da Lapa à noite, nas sextas –feiras! Quando a gente passa de carro, no retorno ao lar, depois das reuniões de nossa Instituição Espírita, depois de tratamos pessoas e  abordarmos os Temas Relacionais que Joanna de Angelis oferece em seus livros,  à luz do Espiritismo", e vemos tanta gente falando muito alto, gargalhando à valer, resolvendo os problemas do mundo e se distraindo, comentamos com os amigos que nos acompanham: “- como é diversa a situação espiritual do ambiente da Lapa, no Rio de Janeiro e  como contrasta esta alegria alcóolica com a tristeza dos bebedores contumazes que nos procuram, padecendo como verdadeiros doentes da alma!

Escrevo aqui convidando-os a uma reflexão sobre a continuidade do álcool nas ingestões semanais, nas quais eventualmente vocês estejam incursos. 
Não que estejamos aqui, maniqueisticamente, condenando ou demonizando o choppinho amigo e o bate-papo alegre, descompromissado, de uma sexta feria feliz, na Lapa ou em outro lugar. Longe de nós... 
Queremos que você possa refletir sobre a continuidade do processo de fuga psicológico-espiritual que esteja em jogo nesta experiência semanal, não só em relação a vocês (que lêem este aviso), mas em função daquele jovem amigo que vocês conhecem no qual vocês estão percebendo que há um exagero na ingestão do álcool, um início de dependência disfarçada de "bebedor social". Vocês podem fazer alguma coisa. Já sabem que se trata de fuga psicológica! É a volta do Epicurismo?
Certamente, ninguém vem ao mundo como se fosse uma criança que vai ao jardim de infância para brincar e comer merenda!
Cada Espírito encarnado, na Terra, possui uma missão específica, porque a reencarnação está aí para oferecer uma alternativa positiva de progresso ao Espírito reencarnante. Nas provas reencarnatórias, o uso do livre-arbítrio é inalienável, mas cada um assume as consequências do que faz. Qual a nossa missão (missão do homem inteligente na Terra)? A Vida do Espírito é mais do que a existência terrena.

Centro Espírita Tarefeiros do Bem.
Sexta feira, 19h30min: Temas Relacionais à Luz do Espiritismo: Ciência, filosofia e religião.

Por que você acha que tanta gente vem frequentando as nossas jornadas de reflexões doutrinárias, bem no centro do maior polo gasstronômico do bairro da zona sul  (Botafogo), lugar cercado de mais de 100 bares e restaurantes?
Pense!

Um abraço
Julio Cesar de Sá Roriz
Centro Espírita Tarefeiros do Bem, 
Rua Mena Barreto, 110, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
ou colocar no google o verbete: tarefeiros

Bibliografia recomendada:
Luis Carlos Formiga e Outros
Livro: Alcoolismo e drogas: caminhos de superação
O Livro está “montado em cima de comentários de Joanna de Ângelis - Espírito, na obra psicografada pelo médium baiano, a partir dos quais expositores espíritas e especialistas da área de saúde desenvolveram uma diversidade de abordagens sobre o tema. Encontram-se também depoimentos de drogaditos, que conferem um caráter vivencial ao livro.
A iniciativa se tornou livro, apoiada pelo MAP (Movimento de Amor ao Próximo), que o está relançando no dia 28 de outubro, no G. E. Joana D'Arc, situado à Av. Vicente Carvalho 203 em Vaz Lobo, Rio de Janeiro.
A renda do livro irá para o "Centro de Tratamento de Dependentes de Drogas", Projeto Cristo Consolador, que é uma parceria do MAP com o Centro Espírita Irmão Samaritano.
Ajude a divulgar, adquira o livro, informe-se, participe”.



2- Artigo com estatística sobre o consumo do álcool no Brasil
Alcoolismo - Dados Estatisticos
Há uma grande variedade de bebidas alcoólicas espalhadas pelo mundo, fazendo do álcool a substância psicoativa mais popular do planeta. Obtido por fermentação ou destilação da glicose presente em cereais, raizes e frutas, o etanol (ou álcool etílico) é consumido exclusivamente por via oral. O Brasil detém o primeiro lugar do mundo no consumo de destilados de cachaça e é o quinto maior produtor de cerveja da qual, só a Ambev, produz 35 milhões de garrafas por dia.
O álcool é a droga preferida dos brasileiros (68,7% do total), seguido pelo tabaco, maconha, cola, estimulantes, ansiolíticos, cocaína, xaropes e estimulantes, nesta ordem. No País, 90% das internações em hospitais psiquiátricos por dependência de drogas, acontecem devido ao álcool.
Motoristas alcoolizados são responsáveis por 65% dos acidentes fatais em São Paulo.
O alcoolismo é a terceira doença que mais mata no mundo. Além disso, causa 350 doenças (físicas e psiquiátricas) e torna dependentes da droga um de cada dez usuários de álcool.
O álcool é a droga que mais detona o corpo (tanto quanto a cocaína e o craque); a que mais faz vítimas; e é a mais consumida entre os jovens no Brasil. O índice de câncer entre os bebedores é alarmante, quer por ação tópica do próprio álcool sobre as mucosas, quer por conta dos aditivos químicos de ação cancerígena que entram no processo de fabricação das bebidas.
Síndrome alcoólica fetal (SAF) é o termo utilizado para descrever os efeitos comumente observados nos filhos de mães alcoólatras: tamanho pequeno, face anormal, outras anormalidades físicas e retardo mental. Ocorrência: 1 a 2 casos por mil nascidos vivos.
Consequências Físicas do Uso em Excesso
• acidentes (no lar, no serviço e nas estradas);
• alterações no sangue (hemorragias, hepatite e outras);
• ossos e articulações (ácido úrico elevado, degeneração dos ossos e outros);
• lesão cerebral (síndrome de Wernicke-Korsakoff, degeneração cerebelar, ambliopia);
• câncer (na boca, esôfago, estômago, fígado e outros);
• pulmão (pneumonia, tuberculose e outros problemas);
• epilepsia;
• síndrome fetal (vide parágrafo anterior);
• coração (arritmias, cardiopatia, hipertensão e doença coronariana);
• lipemia;
• hipoglicemia;
• fígado (cirrose hepática e outras doenças);
• miopatia;
• pancreatite;
• neuropatia (ou neurite) periférica);
• sexo (disfunção testicular e impotência); e
• esôfago e estômago (efeitos corrosivos diretos do álcool sobre estes órgãos como: gastrite, úlcera péptica, esofagite e síndrome de Mallory-Weiss). Outros Dados sobre o Álcool
• É preciso saber que o álcool é a porta de entrada das drogas !.
• A idade em que o adolescente começa a tomar álcool está cada vez menor, com a média atual em 13 anos.
• As causas do alto número de pessoas dependentes de bebidas alcoólicas no Brasil deve-se, principalmente, à cultura nacional. A cerveja, p.ex., é aceita como uma bebida tradicional e a cachaça é conhecida como "caninha da roça", "bebida de macho" e outros slogans.Você bebe no frio para esquentar e no calor para esfriar.
• Para acabar com o vício, o usuário de álcool precisa ter consciência do problema que está enfrentando e o desejo de se livrar dele. Isso pode ser feito através da desintoxicação em Clínicas Especializadas e com o indispensável apoio e compreensão da família.
• Em geral, nosso fígado leva uma hora para processar 30 gramas de álcool (aproximadamente uma latinha de cerveja).
• O álcool interfere no processo de concentração no trabalho e os alcoolistas estão justamente na faixa de maior produtividade do indivíduo (entre 25 e 45 anos).
• O álcool é responsável pela maioria dos acidentes de trânsito, porque altera a percepção do espaço, do tempo e a capacidade de enxergar bem.
• O alcoolismo é uma doença crônica, incurável e progressiva, que mina o organismo, atacando todos os seus órgãos.
• Pesquisa realizada em 5 capitais brasileiras revelou que 45% dos jovens entre 13 e 19 anos envolvidos em acidentes haviam ingerido bebida alcoólica.
• O consumo global, expresso em g/kg peso corporal, multiplicado por anos de bebida, fornece um elemento preciso de previsão da incidência de cirrose hepática.
• A lesão hepática é a consequência (a longo prazo) mais séria do consumo excessivo.
Ocorre um aumento do acúmulo de gordura (fígado gorduroso), que progride para uma hepatite (inflamação do fígado) e termina com necrose e fibrose hepáticas irreversíveis.
• Por não apresentar cargas elétricas e por ser altamente solúvel em gorduras, é rapidamente absorvido pelo organismo. Uma quantidade apreciável é absorvida já no estômago. Ingerido com o estômago vazio, produz um efeito muito maior.
• Cerca de 90% do álcool é metabolizado no corpo e 5 a 10% é excretado (sem modificações) no ar expirado e na urina. Essa fração serve de base para a estimativa das concentrações sanguíneas de etanol por dosagens na respiração (bafômetro) ou na urina.
• Admite-se que a proporção entre as concentrações de etanol no sangue e nos pulmões seja de 21%, ou seja, 1 mg de sangue contém uma quantidade de álcool equivalente à que contém 2,1 litros de ar dos pulmões. A concentração na urina é mais variável e fornece uma medida menos precisa das concentrações sanguíneas. • A taxa de eliminação do etanol do organismo praticamente independe de sua concentração no sangue e corresponde, no homem, a cerca de 0,1 g/kg peso.hora ou cerca de 10 ml/h em uma pessoa normal.
• Os alcoólatras são difíceis de se anestesiar com drogas como o Halotano.