Julio Cesar de Sá Roriz
Utilizando-nos do livro Cartas de uma Morta, psicografia de
Chico Xavier e de autoria espiritual de Maria João de Deus, vejamos o que ela
nos diz sobre as suas experiências e pesquisas nas regiões da Erraticidade do
planeta Terra:
OBSERVAÇÕES
DE UMA ALMA
Logo que me habituei à nova vida na
Erraticidade, um dos espetáculos mais empolgantes era o de
contemplar a Terra à certa distância.
Podem os espíritos locomoverem-se
como o faziam na Terra, lenta e pesadamente, mas não há necessidade
de que assim se proceda.
Graças às nossas faculdades
volitivas, vencemos as maiores distâncias com rapidez inimaginável, podendo
estacionar em qualquer ponto até a zona que nos é possível atingir em
nossas condições de relativo desenvolvimento espiritual.
AS
ALMAS SOFREDORAS
Nas paragens da Erraticidade nem
todos os lugares são estâncias de repouso, de aprendizagem ou
bem-estar. Há regiões obscuras, atopetadas de amargores, formadas pelas
consciências polutas que as povoam.
Confrangente é a situação das almas
sofredoras, que a esses ambientes se destinam, porque viverão com o fruto
amargo das sementes que espalharam nos dias de sua vida temporária.
O
CÍRCULO DOS PADECIMENTOS
Tive ensejo de visitar alguns
desses núcleos de prantos incontáveis e amaríssimos; e neles encontrei
alguns de meus antigos conhecidos na Terra.
Quão dolorosos são os dias que ali
pesadamente transcorrem!
É, ainda, às impressões arraigadas
do corpo físico que se devem esses agrupamentos, onde pululam
padeceres de toda espécie, mas que existem sob as determinações de uma lei
natural, reguladora dos problemas das compensações.
O
PENSAMENTO É TUDO
Um espírito pode beneficiar-se com
o que lhe provém do exterior, mas o seu verdadeiro mundo é aquele
criado por seus pensamentos, atos e aspirações.
O pensamento é tudo.
Todas as construções terrenas,
todos os portentos, que aí atestam o progresso, são obras do ideal.
Nações, cidades, leis, são as exteriorizações dos pensamentos. Também eles são a
fonte causal das manifestações do espírito em outros planos, onde
todas as formas, muitíssimo diferenciadas embora, atestam o ascendente da alma, sua inteligência e
seu poder.
A
EXPIAÇÃO DO EGOÍSMO, DA AVAREZA
E DA
LUXÚRIA
Nos planos da Erraticidade existem,
pois, lugares especificados, onde se aliam os seres cujas mentes se
afinam pelo mesmo diapasão. Vivem ali os que se apegaram em excesso às futilidades
terrestres, sentindo-lhes desconsoladamente a ausência; os
que colocaram acima de tudo as preocupações do egoísmo e da
avareza; criando com suas idéias fixas todo um mundo de moedas e de valores
fictícios, obsedados pela visão do ouro.
No mundo, aqueles que
demasiadamente se entregaram aos gozos carnais, somente encontrando nisso
o único objetivo da existência, vivem com os reflexos das suas
desvairadas paixões, e todos os quadros formados pelas vibrações dessas mentes
inferiores e enfraquecidas caracterizam-se por suas densas trevas.
GRITOS,
BLASFÊMIAS, LÁGRIMAS
Suas exclamações pungiam minh’alma,
enchendo-a de sofrimentos aspérrimos.
- “Oh! Deus
de misericórdia infinita, por que humilhais com tanta dureza o meu espírito culpado? Que
me valeram os títulos da Terra, suas honrarias e distinções? Não
já reconheci toda a enormidade dos meus desvios, Senhor?”
Exprobações como estas eram
misturadas com gritos e blasfêmias, ao lado de soluços e de muitas lágrimas.
A
REGENERAÇÃO E O TRIUNFO
SÃO
POSSÍVEIS PELO AMOR
Inquiri, então, ao meu esclarecido
mentor sobre a causa desses sofrimentos.
- “Estas regiões – disse-me ele –
“são as que mais se avizinham da Terra e justamente sob o que
determina o sagrado estatuto da compensação, porque essas atmosferas pestilentas
refletem os sentimentos que lá predominam.
A inveja, a avareza, a ambição, o
sensualismo, campeiam livremente.
Todos os seres, que aqui se
amontoam, desvairadamente podem descer até os lugares onde anteriormente
viveram apegados a tudo quanto constitui o substrato dos seus prazeres.
Não souberam vibrar com os ideais
da alma e não quiseram abandonar as ilusões de seus dias terrenos.
Vivem com a sua própria angústia,
acalentando desejos inqualificáveis.
Quanto ao possível perdão de Deus,
não se justifica; assim como os insultos e blasfemos dos homens não
o atingem, o Poder criador não se poderia pessoalizar para conceder
beneplácitos.
A lei de Deus é sempre o Amor. Amor
é a luz que envolve o universo, é o éter vivificador, é a afeição
dos espíritos dedicados, é a alegria dos bons,é a luta que aperfeiçoa.
A alma culpada pode, pela súplica,
pelos desejos reiterados, reorganizar o seu mundo interior,
equilibrá-lo para a obtenção de maior força aos novos propósitos de regeneração
e aperfeiçoamento, captando assim, nesse Amor Universal, os elementos do seu
triunfo na luta; mas a prece não afasta do caminho aquilo que ela própria
buscou com seus pensamentos e atos”.
O
DESERTO DA EXPIAÇÃO REDENTORA
A convite do meu solícito mentor,
procurei colocar-me em relação direta com aquelas mentalidades que
se debatiam nos sofrimentos.
Ah! Vi, então, o deserto em que se
experimentam os que viveram, na Terra, para o seu gozo apenas... Os
lagos de sangue em que se asfixiavam os antigos dominadores, responsáveis pela
eclosão da mais horrorosas lutas fratricidas. As lágrimas pungentes
derramadas pelos traidores sensíveis. Ouvi o gemido de todos quantos haviam
prevaricado, fugindo criminosamente ao cumprimento de seus deveres.
Senti que o pranto minava dos meus
olhos e um mal-estar inexplicável atacou-me; todavia o meu
companheiro espiritual arrancou-me dessa penosa impressão, convidando-me para
uma rogativa, que elevamos sentidamente a todas as forças benéficas do Universo
para que assistissem aquelas almas flageladas nos padecimentos a que tinham
feito jus, derramando sobre elas os eflúvios da paz e da resignação, nas suas
provas redentoras.
A
SEMENTE DA PAZ E DA ESPERANÇA
Nesse instante em que pedíamos com
fervor, vi que um foco de luz atravessava a pesada atmosfera, banhando
aquelas frontes imersas no martírio. Nenhuma delas percebeu
aquele clarão; somente em alguns notei a eflorescência de uma estranha
ansiedade, que representava ligeiro alívio ao mesmo tempo...Escutei, em seguida, o meu guia
dizer:
- “Vamos, filha! A
nossa prece foi ouvida. Se os sofredores não
conseguiram receber seus benefícios
imediatamente, pelo estado de dor e de endurecimento em que se encontram,
basta, para a nossa alegria, que algumas dessas almas vagamente
tenham sentido o sagrado influxo dos nossos apelos; porque hoje, nesses
corações que experimentaram o anseio da felicidade e da perfeição,
plantamos com as nossas rogativas sinceras os lírios perfumados da paz e da esperança”.
Informações referentes aos Espíritos errantes em O
Livro dos Espíritos de Allan kardec:
60.
O Espírito se encontra imediatamente com os que conheceu na Terra e que morreram
antes dele?
“Sim,
conforme à afeição que lhes votava e a que eles lhe consagravam. Muitas vezes
aqueles seus conhecidos o vêm receber à entrada do mundo dos Espíritos e o ajudam a
desligar-se das faixas da matéria. Encontra-se também com muitos dos que
conheceu e perdeu de vista durante a sua vida terrena. Vê os que estão na
erraticidade, como vê os encarnados e os vai visitar.”
224.
Que é a alma no intervalo das encarnações?
“Espírito
errante, que aspira a novo destino, que espera.”
a)
- Quanto podem durar esses intervalos?
“Desde
algumas horas até alguns milhares de séculos. Propriamente falando, não há extremo
limite estabelecido para o estado de erraticidade, que pode prolongar-se
existência apropriada a purificá-lo das máculas de suas existências
precedentes.”
b)
- Essa duração depende da vontade do Espírito, ou lhe pode ser imposta como expiação?
“É
uma conseqüência do livre-arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem.
Mas, também, para alguns, constitui uma punição que Deus lhes inflige. Outros pedem
que ela se prolongue, a fim de continuarem estudos que só na condição de
Espírito livre podem efetuar-se com proveito.”
225.
A erraticidade é, por si só, um sinal de inferioridade dos Espíritos?
“Não,
porquanto há Espíritos errantes de todos os graus. A encarnação é um estado transitório,
já o dissemos. O Espírito se acha no seu estado normal, quando liberto da matéria.”
226.
Poder-se-á dizer que são errantes todos os Espíritos que não estão encarnados?
“Sim,
com relação aos que tenham de reencarnar. Não são errantes, porém, os Espíritos
puros, os que chegaram à perfeição. Esses se encontram no seu estado
definitivo.”
No
tocante às qualidades íntimas, os Espíritos são de diferentes ordens, ou graus, pelos
quais vão passando sucessivamente, à medida que se purificam. Com relação ao estado
em que se acham, podem ser: encarnados, isto é, ligados a um corpo; errantes,
isto é, sem corpo material e aguardando nova encarnação para se melhorarem; Espíritos
puros, isto é, perfeitos, não precisando mais de encarnação.
227.
De que modo se instruem os Espíritos errantes? Certo não o fazem do mesmo modo
que nós outros?
“Estudam
e procuram meios de elevar-se. Vêem, observam o que ocorre nos lugares aonde
vão; ouvem os discursos dos homens doutos e os conselhos dos Espíritos mais
elevados e tudo isso lhes incute idéias que antes não tinham.”
228.
Conservam os Espíritos algumas de suas paixões humanas?
“Com
o invólucro material os Espíritos elevados deixam as paixões más e só guardam
a do bem. Quanto aos Espíritos inferiores, esses as conservam, pois do
contrário pertenceriam à primeira ordem.”
229.
Por que, deixando a Terra, não deixam aí os Espíritos todas as más
paixões,
uma vez que lhes reconhecem os inconvenientes?
“Vês
nesse mundo pessoas excessivamente invejosas. Imaginas que, mal o deixam, perdem
esse defeito? Acompanha os que da Terra partem, sobretudo os que alimentaram
paixões bem acentuadas, uma espécie de atmosfera que os envolve,
conservando-lhes o que têm de mau, por não se achar o Espírito inteiramente
desprendido da matéria. Só por momentos ele entrevê a verdade, que assim lhe
aparece como que para mostrar-lhe o bom caminho.”
230.
Na erraticidade, o Espírito progride?
“Pode
melhorar-se muito, tais sejam a vontade e o desejo que tenha de consegui-lo. Todavia,
na existência corporal é que põe em prática as idéias que adquiriu.”
231.
São felizes ou desgraçados os Espíritos errantes?
“Mais
ou menos, conforme seus méritos. Sofrem por efeito das paixões cuja essência
conservaram, ou são felizes, de conformidade com o grau de desmaterialização a
que hajam chegado. Na erraticidade, o Espírito percebe o que lhe falta para ser
mais feliz e, desde então, procura os meios de alcançá-lo. Nem sempre, porém, é
permitido reencarnar como fora de seu agrado, representando isso, para ele, uma
punição.”
232.
Podem os Espíritos errantes ir a todos os mundos?
“Conforme.
Pelo simples fato de haver deixado o corpo, o Espírito não se acha completamente
desprendido da matéria e continua a pertencer ao mundo onde acabou de viver, ou
a outro do mesmo grau, a menos que, durante a vida, se tenha elevado, o que, aliás,
constitui o objetivo para que devem tender seus esforços, pois, do contrário,
nunca se aperfeiçoaria. Pode, no entanto, ir a alguns mundos superiores, mas na
qualidade de estrangeiro. A bem dizer, consegue apenas entrevê-los, donde lhe
nasce o desejo de melhorar-se, para ser digno da felicidade de que gozam os que
os habitam, para ser digno também de habitá-los mais tarde.”
233.
Os Espíritos já purificados descem aos mundos inferiores?
“Fazem-no
freqüentemente, com o fim de auxiliar-lhes o progresso. A não ser assim, esses
mundos estariam entregues a si mesmos, sem guias para dirigi-los.”
Lísias explica
a Andre Luiz o que é o Umbral ( Livro Nosso Lar, FEB)
Cap
12
-
O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se,
aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior. E note você que a
Providência Divina agiu sabiamente, permitindo se criasse tal departamento em
torno do planeta. Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que
não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação
mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação.
Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens
encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias. Não é de estranhar,
portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbações. Lá
vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie. Formam, igualmente, núcleos invisíveis
de notável poder, pela concentração das tendências e desejos gerais. Muita
gente da Terra não recorda que se desespera quando o carteiro não vem, quando o
comboio não aparece? Pois o Umbral está repleto de desesperados.
Por não encontrarem o Senhor à disposição dos seus caprichos, após a morte do
corpo físico, e, sentindo que a coroa da vida eterna é a glória intransferível
dos que trabalham com o Pai, essas criaturas se revelam e demoram em mesquinhas
edificações. "Nosso Lar" tem
uma sociedade espiritual, mas esses núcleos possuem infelizes, malfeitores e
vagabundos de várias categorias. É zona de verdugos e vítimas, de exploradores
e explorados.
Valendo-me
da pausa, que se fizera espontânea, exclamei,
impressionado:
-
Como explicar? Então, não há por lá defesa, organização?
Sorriu
o interlocutor, esclarecendo:
-
Organização é atributo dos espíritos organizados. Que quer você? A zona
inferior a que nos referimos é qual a casa onde não há pão: todos gritam e
ninguém tem razão. O viajante distraído perde o comboio, o agricultor que não
semeou não pode colher. Uma certeza, porém, posso dar-lhe: não obstante as
sombras e angústias do Umbral, nunca faltou lá a proteção divina. Cada espírito
lá permanece o tempo que se faça necessário.
Para
isso, meu amigo, permitiu o Senhor se erigissem muitas colônias como esta,
consagradas ao trabalho e ao socorro espiritual.
-
Creio, então - observei -, que essa esfera se mistura quase com a esfera
dos homens.
-
Sim - confirmou o dedicado amigo -, e é nessa zona que se estendem os fios
invisíveis que ligam as mentes humanas entre si O plano está repleto de
desencarnados e de formas-pensamento dos encarnados, porque, em verdade, todo
espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam,
transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre
presentemente não pode compreender. Quem pensa, está fazendo
alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram
no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é
um ímã poderoso. Há uma extensa humanidade invisível, que se segue à humanidade
visível. As missões mais laboriosas do Ministério do Auxílio são constituídas
por abnegados servidores, no Umbral, porque se a tarefa
dos bombeiros nas grandes cidades terrenas é difícil, pelas labaredas e ondas
de fumo que os defrontam, os missionários do Umbral encontram fluidos pesadíssimos
emitidos, sem cessar, por milhares de mentes desequilibradas, na prática do
mal, ou terrivelmente flageladas nos sofrimentos retificadores. É necessário
muita coragem e muita renúncia para ajudar a quem nada compreende do auxílio
que se lhe oferece.
E ENTÃO: DEPOIS DESTAS EXPLICAÇÕES DOUTRINÁRIAS, RESPONDA:
VOCÊ VAI MESMO PARA O UMBRAL?